quarta-feira, 27 de abril de 2011

Conto 02: A invasão dos orcs (parte 01)

Resumo: "À procura de informações sobre a parte de um tridente que carregavam, um grupo de aventureiros tenta ter acesso a biblioteca do reino de Ethruria. Mas o que eles não contavam eram com as mortes misterioras dos batedores reais."
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Nota da autora: Esse conto se passa em torno de dois anos antes do casamento real.

domingo, 17 de abril de 2011

Conto 01: O Casamento (Final)

Resumo: "Finalmente o casamento será realizado. Mas os pombinhos resolveram se conhecer melhor antes da noite de núpcias. Quebra de protocolo? Talvez."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Conto 01: O Casamento (parte 02)

Preparativos conturbados

Na manhã seguinte, Arcanya anuncia aos seus súditos que se casará em quinze dias com o príncipe Inari, selando assim uma aliança entre Ethruria e Calevais. Os súditos recebem a notícia com alegria e saúdam o casal que está na sacada do castelo.
Os criados estão agitados preparando as listas com todo material que será necessário para a cerimônia de casamento. Os conselheiros, juntamente com a rainha, preparavam a lista de convidados. Inari se encarregou de avisar seu pai, recebendo uma calorosa resposta do rei Dulien. O rei, em sua resposta, solicitou que o filho voltasse pra casa para terem uma conversa franca. O principe, inicialmente, relutou em aceitar o convite do pai, mas depois de uma conversa com Arcanya, aceitou e seguiu para Calevais.
Após alguns dias com a mente voltada para os preparativos do casamento, a rainha Arcanya foi até o alojamento da unidade das donzelas, a convite de Melissa, capitã e líder das donzelas. O convite veio em bom momento, pois a rainha queria ver como estava Ki-Lin, seu unicórnio, e lhe contar que em breve não poderia mais montá-lo. Ela estava um pouco relutante com esse fato, pois o unicórnio a acompanhava desde mais nova, quando ainda morava com Sabino. Sim, Sabino, o patrulheiro que salvara sua vida há mais de 20 anos, retirando-a da mansão de sua família e levando para a floresta, arriscando sua vida ao confrontar a lei élfica de que todo meio-elfo deveria ser morto.
O alojamento da unidade das donzelas fica mais afastado do centro da cidade, próximo aos portões externos de Ethruria, pois os unicórnios precisam de contato constante com a natureza. Além de Melissa, Arcanya também teve a companhia de Azarill, que desde a sua chegada ao reino se tornara seu guarda-costas, um tanto a contragosto da rainha. Durante a visita ao local, eles puderam acompanhar o treinamento das jovens elfas com arco e com espada. A rainha prestava atenção na explicação dada por Melissa, porém Azarill ficava a todo momento achando que algo iria atacar. Cada interrupção do elfo deixava a capitã irritada, mas se controlava para não entrar em discussão com ele. No fim do passeio, Arcanya fala que precisa ir ver Ki-Lin e Azarill já se prontifica a ir com ela. Melissa pergunta a ele porque tanto zelo e obtém como resposta que ele não confia que a guarda real possa proteger a rainha. A declaração de Azarill irrita profundamente a capitã que começa a rebatê-lo, ficando assim uma troca de “elogios” mútua. Arcanya percebendo que poderia essa discussão gerar uma briga, interrompe e pede para que a deixem sozinha para que possa conversar em paz com Ki-Lin. A capitã consentiu imediatamente e ia se retirando, mas percebeu que Azarill ainda permanecia parado ao lado da rainha. Ela parou e lançou um olhar indignado.
- Você não ouviu que a rainha pediu um momento sozinha? - reclamou Melissa.
- Eu ouvi e não pretendo deixar a rainha sozinha. - replicou Azarill. A capitã respirou profundamente com um ar de irritação.
- Azarill, eu lhe peço que se afaste. Eu preciso desse momento. Por favor, faça companhia a Melissa e dê uma volta por alguns minutos. - interviu Arcanya. O operativo imperial consentiu a contragosto e seguiu com Melissa.
Ao chegar ao local onde os unicórnios estavam, um vasto espaço ao ar livre e com muitas árvores, Arcanya se aproximou rapidamente de Ki-Lin lhe dando um afetuoso abraço. Os dois permaneceram assim por alguns minutos. A meio-elfa desfez o abraço e ficou olhando para o unicórnio, como se quisesse uma ajuda para iniciar uma conversa. Ki-Lin percebeu e adiantou-se.
- O que houve Arcanya? Você parece relutante em falar comigo.
- Ah Ki-Lin, eu não sei como lhe falar, na verdade eu não queria que isso acontecesse. Mas como uma vez Gunglain me disse: Grandes atos requerem grandes responsabilidades. Mesmo não aceitando eu vou ter que me acostumar com isso.
- Então está se referindo ao seu casamento com Inari. Estou certo?
- Sim, Ki-Lin. Não que eu não queira me casar com ele, mas as consequências que me trarão. Assim que fizer os votos de matrimônio com Inari, eu precisarei consumar. Assim deixarei de montar você, pois deixarei de ser donzela. – após falar, Arcanya sente o rosto ruborizar-se. O unicórnio roçou a cabeça na rainha oferecendo carinho.
- Ah, então você teme que eu a abandone depois disso? Arcanya, mesmo que você já não possa mais ser minha amazona, eu não me afastarei daqui. Continuarei por perto como seu amigo. Gostaria muito que você continuasse sendo a minha amazona, mas você tem agora outras responsabilidades.
Com lágrimas nos olhos Arcanya dá um último abraço e um afago em seus pelos. Ao soltar-se de Ki-Lin, a rainha percebe que não está mais sozinha. Vê Azarill e mais duas elfas em pé aguardando Arcanya. Ela respira fundo e se afasta do unicórnio, caminhando para perto dos outros três elfos. Ao chegar ao lados deles, as duas elfas se curvam e Arcanya percebe que uma delas é Eloara.
- Minha rainha, fomos enviadas pela capitã Melissa para sermos sua guarda pessoal. - falaram as duas elfas.
- Fico grata com a preocupação da capitã em garantir a minha segurança. Bom, preciso voltar para o castelo. - e vai caminhando a frente, seguido das elfas e de Azarill, este contrariado por ter a companhia das elfas.
Todos seguiram silenciosos até o castelo. Ao chegar, são interceptados por um criado que vinha ao encontro deles. 
- Minha senhora, um mago a espera no salão principal. Ele se chama Azhara. - disse o criado. Arcanya sorri, agradece e vai ao encontro do mago, seguida de Azarill, Eloara e da outra elfa.
No salão principal, Azhara espera por Arcanya ao mesmo tempo que se perde em seus próprios pensamentos. Instantes atrás estivera na presença de Viviane, grã sacerdotisa, no santuário de Aurora. Na longa conversa que tiveram, Azhara lhe contou os problemas enfrentados no continente e Viviane ponderou lhe dizendo que estava fora do alcance dele nesse momento tentar reverter os fatos acontecidos em Eloria, capital do império elorano. A sacerdotisa revelou também que a ilha está com problemas imediatos para serem tratados, como a invasão dos mercenários ao feudos humanos, já que a legião elorana havia deixado a ilha para proteger a capital do império. O mago ouviu com atenção os relatos de Viviane e disse que ia conversar com a rainha dos elfos para pedir ajuda. E neste momento está ali, sentado a espera de Arcanya, pensando na conversa que tivera com Viviane. Absorto em seus pensamentos, o mago não percebe a chegada da rainha e da guarda pessoal dela. Arcanya ao vê-lo o saúda com tamanha felicidade.
- Grande Azhara, fico feliz em vê-lo novamente.
- Eu também. Percebo que a vida na corte está lhe fazendo muito bem, estás mais bonita.
- Ah, obrigada. - Arcanya fica sem graça ao receber o elogio do mago – Que noticias trazes a mim, Azhara? Alguma de Marlus ou Fernanda?
- Marlus está bem, eu posso lhe garantir. Já Fernanda, nada sei minha rainha. Porém não é sobre eles que venho conversar com você. Estive em companhia de Viviane não tem muito tempo e ela me relatou que os feudos humanos estão sendo atacados por mercenários. Você não deve ter tido notícias já que regressou a pouco para Ehtruria.
- Sim, o que pensa a respeito disso?
- Com o seu desejo realizado, os elfos mortos na invasão dos orcs a Ethruria foram revividos, o que favorece o seu lado Arcanya, pois o exército de elfos está completo em relação ao dos humanos. Penso então que você faça alianças com os reinos e feudos humanos para protegê-los.
- Aliança com os humanos? - Arcanya ficou pensativa – Vejo a gravidade do problema e que eles precisam ser ajudados, mas se algum deles rejeitar a minha oferta?
- Você só saberá se tentar. Acho viável que você faça essa aliança, mas quem tem que dá a palavra final quanto a isso é você.
- Azhara, eu preciso de um tempo para pensar e agir da maneira correta.
- Claro, Arcanya. Enquanto eu aguardo por sua resposta, ficarei aqui em Ethruria se assim me permitir.
- Ethruria sempre estará de braços abertos para você, caro amigo. Vou pedir aos criados que preparem um quarto para você.
- Não precisa. Prefiro me hospedar em uma das tavernas aqui do reino. Espero que entenda que não estou fazendo desfeita com a sua hospitalidade.
- Tudo bem, mas se quiser se hospedar aqui no castelo será muito bem-vindo.
- Ah rainha, queria lhe pedir um favor. Enquanto eu estiver aqui em Ethruria, gostaria de ter acesso a biblioteca real. Preciso de fazer algumas pesquisas.
- Sim, Azhara. Eu lhe concedo a permissão para acessar a biblioteca.
Sob os olhares atentos Azarill, que ainda não confiava muito no mago, Azhara se despediu da rainha e foi para a taverna mais próxima. A rainha ainda ficou um tempo pensativa e depois pediu a um criado que chamasse Tessan, pois precisava de uns conselhos dele. Uns minutos depois, o sábio adentra o salão.
- O que houve minha rainha?
- Preciso de um conselho seu Tessan. Azhara esteve aqui e me falou que a ilha está sendo atacada por mercenários, começando pelos pequenos feudos humanos. Ele me sugeriu que deveríamos fazer aliança com os humanos a fim evitar que haja uma devastação.
- Minha rainha, acho nobre da sua parte querer ajudar. Mas quero que se lembre que nenhum desses feudos enviou alguém para nos ajudar quando fomos atacados pelos orcs. Somente Marlus e Gunglain estiveram do nosso lado.
- Mas ainda acho que deveríamos ajudá-los, mostrar que somos amistosos.
- Bom, chegou aos meus ouvidos que Gunglain, ao se envolver com uma elfa daqui do reino, deixou um filho, que talvez ele desconheça. Portanto esse filho é herdeiro legítimo de Theramore.
- Mas a criança ainda é um bebê e não pode assumir o ducado. E se deixarmos de ajudar os humanos é provável que nem exista Theramore para ela herdar.
- Pela criança, por Gunglain e por Theramore, podemos ajudar os humanos enviando algumas tropas, evitando também que esses mercenários alcancem Ethruria.
- Está certo. Enviarei soldados ao comando de meu tio Gwydion.
Tessan concordou e terminada a conversa, retirou-se do recinto. Após a saída do sábio, a rainha também se retira e vai para seus aposentos descansar. Na manhã seguinte iria se encontrar com Azhara para lhe dar a resposta, como também enviaria as tropas para a região de conflito.
Antes mesmo do sol nascer por completo, o príncipe Inari retorna a Ethruria. Os criados o ajudam com sua bagagem e preparam seu quarto. Um dos criados pergunta se deveria chamar a rainha para recebê-lo e Inari responde que ainda é cedo para despertar Arcanya. Alguns criados preparam algo para o príncipe comer e colocam a mesa um delicioso café da manhã. Inari se senta a cabeceira da mesa e começa a degustar do que lhe haviam servido.
- Chegaste cedo meu príncipe. Posso me servir também? - a voz faz com que Inari se sobressalte e vire para trás. Ele vê Azarill encostado na parede.
- Ah é você Azarill. Se quiser me acompanhar, pode se servir.
Azarill se senta a mesa e começa a se servir. Os dois ficaram ali deliciando-se das iguarias sem trocar muitas palavras, apenas elogios a comida, o que fazia uma criada próxima soltar uns risinhos abafados.
- Meu príncipe, como foi a visita a seu pai? - falou Azarill.
- Foi proveitosa. É sempre bom rever a família. Meu pai realmente está muito animado com o casamento. - respondeu o príncipe.
- E você meu príncipe, gostaria mesmo de se casar com a rainha Arcanya?
- E por que não?
- Não sei se ela é valorosa a você, meu príncipe. Uma mestiça que subiu ao poder... Algo ela fez, algum feitiço para conseguir esse feito.
- Arcanya, pelo que eu sei, passou honestamente por um teste antes de ser declarada rainha. Acho que você deveria pensar muitas vezes antes de falar alguma besteira dela. Ela é digna do reino que governa.
- Na minha opinião esse teste foi fajuto. E ainda acho que você deveria repensar esse casamento. Meu príncipe você merece uma rainha pura e não uma mestiça... - Azarill não terminou a frase, pois Inari, irritado com tais argumentos do operativo imperial, segurou a mão dele com força.
- Não ouse mais falar mal de Arcanya. Fique você fazendo o que lhe foi ordenado e conviveremos muito bem aqui.
- Ok. Espero que você não esqueça de seu lar e abandone Calevais para trás.
- Eu não vou me esquecer de Calevais. Quando o reino precisar, não pensarei duas vezes e irei defendê-lo.
Azarill não mais falou e voltou a comer, assim como Inari. Os criados ouviram a discussão e nada falaram, apenas serviam os dois. Um tempo depois, já satisfeito, o operativo imperial se despede do príncipe e segue para seu quarto. Inari continua sentado, mas não come nada. Apenas reflete as palavras do operativo, sem perceber que a rainha se aproximara dele.
- Inari? O que tanto pensas? - Arcanya olhou indagativa para o príncipe.
- Hã?! - Inari parece despertar de um sonho – Ah, minha rainha nem percebi que estava aqui.
- Você parecia distante. Aconteceu algo em Calevais? - disse enquanto sentava ao lado de Inari.
- Calevais está bem. Mas, Arcanya, preciso que sejas sincera comigo. Você realmente está pronta para esse casamento? Sabemos que esse matrimônio não foi planejado por nós.
- Sim e entendo a sua preocupação. Mas há outro jeito de selar essa aliança sem ser com o casamento?
- Não, não há.
- Então, estou pronta para isso.
Inari pega as mãos de Arcanya e olha em seus olhos. A rainha sente seu rosto esquentar.
- Você permite deixar te amar? E você também me amará? - perguntou o principe olhando para Arcanya.
- O amor é algo que construímos com o tempo. - e sorri. Inari beija suavemente as mãos dela.
- Juro então lhe proteger, amar e honrar até que a morte nos separe. - Inari falou essas palavras com o olhar voltado para o de Arcanya. A rainha repetiu o juramento e no final dele teve seus lábios tomados pelos os do príncipe.
O casal ainda ficou mais um tempo desfrutando a companhia um do outro e degustando o café da manhã. Depois, o príncipe se despediu da rainha e foi para o quarto repousar. Arcanya continuou com seu café da manha, para posteriormente se encontrar com alguns nobres de Ethuria. Mas antes dessa reunião, pediu que Tessan contatasse Azhara e ordenou o envio de tropas para deter os mercenários.
Não demorou muito para que Azhara viesse ao encontro de Arcanya. A rainha o recebeu no salão principal. Ela diz ao mago que vai ajudar e que já enviou tropas sob o comando de seu tio Gwydion. Azhara diz então que irá acompanhar a batalha pela bola de cristal e a manterá informada.
Alguns dias passam até que Azhara vê em sua bola de cristal algo muito ruim: um grupo de elfos petrificados. O mago comunica a rainha e ela fica apreensiva, pergunta se o tio estava nesse grupo. Ele nega e diz que vai lá para ajudar. Arcanya pergunta o que ela pode fazer para ajudar e o mago pede que ela fique em segurança em Ethruria e quando precisar de sua ajuda ele irá chamá-la. Azhara também pede alguém o vigie e a rainha fala que Tessan irá se encarregar disso. Antes de partir, o mago se despede.
- Caso eu não volte a tempo, felicidades em seu casamento.
- Vou desejar que você volte e bem.
- Eu também desejo. - e o mago se teleporta para o conflito.
No local da batalha, Gwydion e sua tropa se escondiam aguardando o próximo ataque dos mercenários. Eles não estavam em vantagem, mas também não estavam em desvantagem, o combate estava equilibrado. Os elfos, silenciosos e sorrateiros, atacavam os mercenários de surpresa, as vezes invadindo seus acampamentos a noite. Mas os mercenários não estavam despreparados, o que Gwydion e sua tropa não sabiam eram os trunfos que eles carregavam.
Gwydion não esperava por uma visita e assustou-se quando Azhara surgiu magicamente ao lado dele. O mago pede desculpas pelo aparecimento repentino, apresenta-se e avisa que tem algumas notícias que podem mudar o rumo da batalha. Ele conta aos elfos que parte da tropa, que estava mais deslocada, foi transformada em pedra e crê que tenha sido ação de medusas. Gwydion lhe fala que seus batedores lhe informaram que viram rastros uma mulher, acrescenta que esses mesmos batedores foram afugentados por um gigante de fogo que fora trazido escondido em uma enorme carroça. Um outro elfo, um batedor da tropa, avisa também que eles estão se reunindo sob um estandarte do líder dos lobos vermelhos. O humano ouve as palavras do batedor e do cavaleiro com atenção e fica pensativo. Depois pergunta ao tio da rainha se os reinos humanos estão colaborando e recebe um resposta afirmativa do outro.
Minutos se passam, até que um batedor retorna e avisa que foi avistado um grupo de humanos se reunindo e entre eles estava Marlus. Os elfos também se reagrupam com a companhia do mago humano. Gwydion fala para Azhara que eles vão precisar das águias gigantes e então o mago envia uma mensagem para Tessan pedindo que a rainha envie para a área de conflito as aves. O conselheiro comunica a Arcanya a mensagem e ela dá a ordem para que as águias sejam mandadas.
Na área de conflito, os batedores elfos avisam que os mercenários estão avançando. Azhara se adianta e ao tocar seu próprio peito, recita palavras arcanas conjurando uma magia. O humano fica invisível e alça voo com o auxílio das asas de morcego, um importante item mágico que carrega consigo. Aproveitando-se de sua invisibilidade e do voo, o mago aproxima-se do grupo de mercenários e começa a conjurar uma nova magia. Enquanto a recita, gesticula com as mãos e uma densa nevoa se forma, se afasta do conjurador e vai em direção do grupo em terra. Ele faz isso por mais de uma vez e tem como resultado uma grande parte dos inimigos mortos e os que sobrevivem não conseguem enxergar quem os atacou. Após tais ações, Azhara retorna aonde os elfos estavam reunidos, pedindo a Gwydion e sua tropa que aguardem até a névoa se dissipar. Porém a névoa não dura muito tempo, pois alguém com poderes mágicos consegue dissolver a névoa e evitar que mais membros do grupo inimigo fossem mortos.
O mago e os elfos aguardam o momento propício para atacarem. Os mercenários alcançam o local onde o outros estavam e Azhara percebe que o número de baixas não corresponde aos cálculos que fizera quando evocou a névoa. O combate se incia entre o grupo inimigo, os elfos e os humanos dos feudos. Enquanto os grupos se engalfinham numa luta sangrenta, Azhara recua fileira por fileira, se posicionando atrás da confusão. Com isso ele percebe alvos que se destacam da multidão: um guerreiro com armadura melhor forjada em relação aos outros mercenários derrubando e levando a morte muitos de seus inimigos, uma mulher com capuz disparando flechas com seu arco e no meio da confusão, destruindo as armas de guerra dos elfos, um gigante de fogo. Sim, o mago humano viu os trunfos que os mercenários traziam ocultamente.
Pelo alto, o mago intervem, aproximando-se do gigante de fogo. Ele conjura uma nova magia, recitando algumas palavras enquanto gesticula, formando assim um um raio. Com um gesto mais brusco com as mãos, Azhara lança o raio diretamente para o inimigo, atingindo-o. O gigante, após o impacto recebido pelo raio, procura de onde veio tal fenômeno. De um local do conflito, um conjurador inimigo recita algo, enfia as mãos nos bolsos de sua vestimenta, pega um punhado de talco com pó de prata e joga em direção do mago, desfazendo assim a sua invisibilidade, o que facilita e muito os ataques inimigos. Azhara percebe que seu encanto fora desfeito, se tornara visível e virara o alvo em foco. O que ele não percebe é o outro mago gesticulando e conjurando outra magia, porém por algum motivo ele não consegue ter sucesso e não afeta quem ele queria.
Alheio as disputas de magia, o gigante somente tem em foco o mago que está voando. Ele ergue uma pedra grande e arremessa em direção a Azhara, acertando-o. O humano sente o golpe, mas se mantem voando. Marlus ao ver que o amigo tinha sido atingindo, brada a espada e vai com toda força para um combate contra o gigante de fogo. Aproveitando esse ganho de tempo, o mago recita palavras arcanas e gesticula até ter um raio formado em suas mãos, lançando em seguida em direção do inimigo, acertando-o. Ele, utilizando-se das asas de morcego, eleva-se mais um pouco como medida de precaução caso o gigante revide com novo ataque de pedras. Mas o outro nada fez, pois sua atenção estava voltada para o bárbaro que o atacava incansavelmente, porém o inimigo consegue afastar a ameaça de si.
Uma outra figura inimiga se prepara para atacar o mago sem que ele perceba. Era a mulher com a cabeça coberta por capuz. Ela prepara o arco e atira a flecha, mesmo ele estando a uma altura considerável, onde muitos não acertariam, ela o acerta. O mago sente a flecha entrar em sua pele e dor causada por ela. Também sente seu corpo enrijecer-se e sua mente desligar-se do corpo físico. Ele estava morto, a flecha lançada pela mulher continha veneno. O corpo de Azhara cai ao chão, inerte.
Em Ethruria, Tessan que acompanhava todos os passos de Azhara, vê quando o corpo dele jaz morto após o golpe. O conselheiro vai até onde a rainha estava e lhe transmite a notícia. Arcanya fica chocada com a notícia e pergunta pelos outros. O elfo fala que ainda não tombaram em combate, mas que o mesmo estava ficando a favor dos mercenários. E acrescenta também que não tem como retirá-los da região. Ele aconselha que agora seja a hora de eles intervirem, para mudar o rumo da situação. A meio-elfa consente, mas Azarill contesta.
- Mas a rainha? - diz o elfo cinzento ao sábio.
- Sim. - responde Tessan.
- Ela não pode se arriscar num combate. - rebate o outro.
- Nós não podemos deixar eles perecerem lá. O combate está virando a favor deles!- intervem a rainha.
- Minha senhora, mande sua guarda. As donzelas que montam unicórnios. - falou Azarill.
- Minha rainha, está pronta? - Tessan se vira para a mestiça e fala. Arcanya meneia a cabeça num gesto afirmativo e pergunta se pode levar as duas elfas que servem de guarda-costas . O sábio concorda.
- Você vem? - diz a rainha ao operativo.
- É o meu dever. - ele responde.
O príncipe Inari se levanta e se junta ao grupo já formado pelo sábio, pela rainha e pelas donzelas. Azarill o intercepta e pergunta.
- Mas meu príncipe, você nada irá falar? Você nada irá dizer?
- Estamos demorando. - essa resposta fez o operativo calar-se e seguir ao lado dos outros.
Ao chegarem ao local da batalha, Arcanya se ajoelha no chão tocando a relva, murmura uma prece em oferecimento a natureza e ergue-se com as mãos estendidas. A relva toma vida e cresce, atrapalhando alguns mercenários. Azarill pergunta ao príncipe quem deveria ser seu alvo e este responde para ele atacar a mulher com capuz. O operativo se afasta furtivamente em direção dela. Tessan e o príncipe se separam e com magias vão derrotando os mercenários. A mestiça ao avistar o tio, avisa que vieram ajudar e vai de encontro ao gigante do fogo, sacando as duas espadas. Ao lado dela, as donzelas também sacavam suas armas e lutavam contra alguns rufiões que tentavam se aproximar de Arcanya,
Mais afastado, o operativo imperial seguia furtivamente até ficar atrás mulher. Ela estava compenetrada em atirar flechas nos inimigos. O elfo esconde-se atrás de uma arvore e prepara uma adaga com veneno na lamina, atacando em seguida. Ela foi surpreendida com o ataque, mas o veneno nada fez. Azarill torna a atacá-la, mas dessa vez o veneno faz efeito e ela cai morta. O elfo cinzento se esconde e observa quem será o próximo alvo.
A rainha fazia sua parte retirando de seu caminhos alguns mercenários. Nada difícil para a portadora do cinturão de Aramus, artefato mágico que lhe dava força incrível. E isso chamou a atenção do gigante pra si. Arcanya investe contra ele com suas espadas, uma longa e uma curta, mas somente consegue acertá-lo com uma delas. Ele sente o golpe e revida, acertando-a. Ela poe a mão no local do golpe e se prepara para atacar novamente. As elfas donzelas cuidavam de nenhum mercenário atingir a rainha. A meio-elfa torna a atacá-lo com as duas espadas violentamente, sendo que dessa vez ela consegue acertá-lo com as duas. Ela percebe que ele está muito ferido e que vai atacá-la novamente, mas seu corpo ferido não deixa que ele dê um golpe decentemente e ela consegue desviar.
Encoberto pelas sombras das árvores, Azarill avança ao encontro do guerreiro de armadura negra que está numa luta acirrada com Gwydion, este caindo derrotado minutos depois. O elfo cinzento chega e ataca por trás o guerreiro, sem obter o sucesso esperado porém impede que ele dê o golpe final no tio da rainha. O guerreiro, furioso por ter sido atrapalhado, volta-se contra Azarill. Não muito longe deles, o embate com o gigante do fogo estava mais favorável a Arcanya. Mas a sorte as vezes a ameaçava deixá-la, pois num momento crucial ela erra o ataque ao tropeçar numa pedra e desviar-se do alvo. E a sorte nesse momento estava ao lado do inimigo, que a acerta violentamente e faz a rainha curvar-se de dor.
Enquanto a mestiça se engalfinhava com o gigante, Azarill tinha o guerreiro de armadura negra como oponente. O elfo mexe em sua sacola e enche a mão com um pó, arremessando em seguida nos olhos do outro. O guerreiro o chama de miserável ao ser acertado pelo pó e ficar momentaneamente cego. Ele tenta inutilmente atacar, mas o operativo é mais veloz e com a cegueira do inimigo, desvia do golpe tranquilamente e posiciona-se atrás do oponente.
Alheia a batalha que Azarill estava enfrentando, Arcanya mantem-se focada em sua luta. Bradando as espadas mais uma vez, a rainha o acerta e o gigante tomba, morto. Ela respira fundo, olha para o corpo que jazia no chão, olha para as elfas e olha ao seu redor. Percebe que ainda tem mercenários no entorno. Como se uma ideia tivesse surgido repentinamente em sua mente, ela mexe na sacolinha que trazia presa a cintura e de lá tira uma pequena bola, atirando-a contra o grupo de rufiões. De dentro dessa bola sai um búfalo, que ataca eles. A jovem soberana, acompanhada de suas donzelas guardiãs, vai para o combate de Azarill, desvencilhando de qualquer um que viessem atacá-las.
O elfo cinzento já estava posicionado atrás do guerreiro e preparava seu ataque. Ele consegue colocar uma dose de veneno na pele do oponente, alem de infligir ferimentos com seu golpe. O inimigo tenta revidar e mesmo cego consegue atingir Azarill, que não vê outra opção senão em se esconder. Arcanya ainda estava distante para ajudá-lo, mas se esforçava ao máximo para chegar próximo. O elfo se afasta e arremessa uma faca no guerreiro, que é acertado. Depois de algum tempo, a rainha chega com as espadas em punho e parte para o ataque. Por mais que a vontade de lutar tenha sido tamanha, a jovem erra os golpes e tem a sorte de seu oponente estar cego, pois consegue desviar dos golpes dele. Azarill, a uma distancia segura, ergue o arco e lança a flecha que acerta o guerreiro embaixo de seu braço. A meio-elfa torna a atacá-lo e com mais sorte dessa vez, pois ela consegue acertar algum ponto fraco que o faz cambalear e se esvair em sangue. Mas nesse momento o efeito da cegueira cessa e ele volta a enxergar novamente, olhando fixamente para a soberana. Aponta a espada para ela e a ataca com força, fazendo com que a mesma recue com a dor. A distancia, o operativo percebe que ao seu redor há flechas de guerra e pega algumas para si, escondendo-se atrás de uma árvore e preparando-as com veneno. As elfas donzelas, vendo o perigo que sua rainha estava correndo, investem como podem contra o guerreiro, mas ele é esperto o suficiente para evitar os golpes. Arcanya, mesmo bastante ferida, não desiste do embate e volta atacá-lo, acertando golpes com uma das espadas que possui. O oponente está bastante ferido e ao desferir seu golpe contra a mestiça, ele a erra. Aproveitando-se da fraqueza do outro, o elfo dispara uma das flechas preparadas e acerta o alvo, o veneno entranha nele e o guerreiro cai morto.
Com o guerreiro de armadura negra, a mulher com capuz e o gigante do fogo mortos, a batalha estava ganha. Mesmo aquele outro que desfez o encanto da invisibilidade de Azhara não durara muito e tombou posteriormente. Os outros mercenários, desorientados, fugiam. Azarill, após o guerreiro cair morto, saiu de seu esconderijo e foi para perto do príncipe, enquanto Arcanya corria para socorrer seu tio. A batalha fora ganha e a ilha pacificada. As tropas recolhiam os mortos e socorriam os feridos. Com ajuda de Tessan, Arcanya, as donzelas, Inari, Azarill e Gwydion, assim como o corpo de Azhara, retornam em segurança para Ethruria.
Ao chegar no reino, Arcanya presta homenagens a todos os que foram mortos em batalha, na presença dos súditos. Azhara também está sendo homenageado e seu corpo ia ser preparado para ser enterrado conforme os ritos élficos. A rainha estava triste, lágrimas escorriam por seu rosto e ela segurava firmemente a mão de Inari enquanto proferia seu discurso. O príncipe nada dizia e tentava confortá-la acariciando sua mão. Tanto Azarill, quanto as donzelas, estavam em silêncio. Tessan estava mais afastado e tinha como companhia a grã sacerdotisa de Aurora. Assim que as homenagens terminaram, os súditos iam saindo aos poucos.
Tão logo o salão ficou vazio, ficando somente Arcanya, Azarill, Inari, as donzelas, Tessan e Viviane, a rainha aproximou-se do corpo do mago. Olhou para Tessan e perguntou se o melhor não seria enviar o corpo dele para a terra natal. Antes que o sábio respondesse algo, a sacerdotisa reclamou para si o corpo, dizendo que ia trazer ele de volta a vida e levá-lo para ficar em seu santuário. O conselheiro pergunta o porquê e tem como resposta que Azhara tem muito conhecimento, o que lhe interessava profundamente. Arcanya permite e Viviane leva o corpo para o santuário.
Apesar do pesar que estava na corte, os preparativos para o casamento foram retomados. Em uma semana, a aliança entre Calevais e Ethruria seria selada.