quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Conto 04: O tridente de Oceannus (Parte 02)


Resumo: "Foi preciso em torno de dois anos para que Azhara reconstruísse o livro e coletasse as informações a respeito do tridente. O grupo, com as intruções da obra literária, segue rumo a uma cidade submersa, outrora capital dos reinos marinhos. Algumas supresas esperam nossos heróis na jornada ao fundo do mar.".

A cidade submersa

Alguns dias se passaram até que Gunglain e Marlus retornassem a Ethruria a pedido da rainha. Estavam animados com a noticia de que enfim poderiam encontrar a parte que faltava do tridente.
 
Enquanto atravessavam a cidade em direção ao castelo, uma voz feminina chamou por Gunglain. O cavaleiro voltou-se em direção de quem o chamava e viu uma jovem elfa parada em frente a uma casa localizada próxima a praça principal. Ele a reconheceu assim que a viu: era uma das jovens com quem havia “flertado” na festa de coroação da rainha.

- Gunglain. - a jovem tornou a chamá-lo.

O cavaleiro pede para que Marlus siga para o castelo e vai ao encontro da elfa. Com uma expressão indagativa no rosto, o humano tentava se lembrar do nome da jovem a todo custo. Ele sabia que as mulheres não gostavam de ter seus nomes trocados, mas como havia conhecido tantas outras durante sua estadia em Ethruria, o nome dela estava difícil de ser lembrado.

- Nimue? - perguntou o cavaleiro na esperança de ter acertado. A jovem percebeu que ele havia por um momento esquecido seu nome, mas nada falou sobre.

- Queria conversar com você. Poderíamos entrar? - Nimue aponta para a porta aberta da casa.

- Agora não posso, fui convocado a comparecer no castelo. São ordens da rainha, não posso me atrasar.

- Eu não pretendo tomar muito do seu tempo. Por favor, entre. - a jovem parecia suplicar para que o cavaleiro entrasse em sua casa.

- Fica para a próxima, prometo recompensá-la pela espera. - Gunglain dá uma piscadela com o olho esquerdo e vai em direção ao castelo, acenando para a elfa que permanecia parada em frente à porta.

Nimue vê o cavaleiro partir, sentindo um aperto no peito e com lágrimas nos olhos. O assunto sobre o qual ela queria falar estava dentro da casa e emitia um choro baixo e contínuo. A elfa limpa o rosto com as mãos e entra em seu lar, pegando o bebê mestiço em seus braços. 

 - Seremos apenas nós dois, meu pequeno Dain. Ele não quer saber de nós. - Nimue dizia enquanto afagava os cabelos da criança.

No castelo, a guarda real avista o bárbaro e o cavaleiro, que já havia o alcançado, comunicando a rainha sobre a chegada dos humanos. Arcanya pede que eles sejam encaminhados diretamente a sala do trono e ordena a um criado que estava próximo a chamar Azhara e Tessan.

Não tardou muito para que Azhara, Tessan, Marlus e Gunglain estivessem na sala do trono. A rainha pede que se acomodem nas cadeiras que estavam próximas a uma grande mesa que estava ali. Todos se sentam e reservam a cabeceira da mesa para Arcanya sentar-se. Ela também dispensa a presença dos criados, pois queria tratar o assunto em particular com eles.

 - Como eu havia dito na mensagem que enviei a vocês, Azhara finalmente terminou com o restauro do livro. - a meio elfa para por um instante de falar e olha para o mago humano – Por favor, traga o livro a nossa presença.

O mago humano prontamente atende o pedido da rainha e coloca o livro sobre a mesa, aberto na página referente ao tridente.

 - Se me permite vossa majestade, gostaria de tomar a palavra. - Azhara pede permissão a mestiça para falar.

- Claro. Você sabe mais desse livro do que eu. Não vejo pessoa melhor para falar dele.

- Pois bem. - o humano passava a mão sobre a página do livro – Esta é a página inicial do conteúdo referente ao tridente. É bem interessante o que está contido nessas páginas. Não estamos diante de um tridente mágico simplório e sim um artefato que pertenceu a um titã há séculos atrás.

- Quem seria esse titã? - Arcanya perguntou.

- Seu nome é Oceannus. A parte do tridente que possuímos pertenceu a ele e foi dado à sereias e tritões para que eles pudessem se defender dos ataques dos humanos aos seus reinos marinhos. - o arcano humano para o relato e volta o olhar para o texto contido na página que estava à mostra, como se procurasse algo que tivesse esquecido. 

- Se esse tridente é realmente poderoso, eles ganharam a luta contra os humanos. - concluiu Marlus.

- Espere, ainda não terminei. - o mago pediu enquanto olhava atentamente o livro até achar o que procurava. Ele de súbito levantou o olhar e sorriu. - Achei! - exclamou, fazendo com que todos olhassem para ele, e retomou o relato. -  Continuando com o que falava... O tridente estava trazendo vitória aos seres aquáticos, mas algo aconteceu. Um arauto de Elor, deus patrono dos humanos, conhecido como Aureus, interviu a favor de seus protegidos. Ele venceu o titã e o aprisionou numa cidade submersa, provavelmente a antiga capital dos reinos marinhos. Com a queda de Oceannus, o tridente passou para as mãos do arauto e o mesmo o destruiu, partindo-o em dois. Uma das partes é essa que nós encontramos naquelas ruínas.

 - E onde estaria a outra parte? - Gunglain perguntou interessado.

- Está em algum lugar da cidade, o livro não diz o local exato. Talvez a parte do tridente que possuímos nos leve até o lugar correto.

- Ou até mesmo a Oceannus, se ele ainda estiver vivo. - a rainha complementou o raciocínio do mago humano.

- Também. - assentiu Azhara.

- Quando embarcamos? - Marlus perguntou, parecia ansioso para partir.

- Tenha calma, ainda precisamos abastecer a embarcação com provisões para que possamos fazer uma viagem tranquila. - a mestiça respondeu e voltou sua atenção ao arcano. - No livro há algum mapa para que possamos chegar até a cidade submersa?

- Sim. Quanto tempo acha que levaremos para providenciar tudo para a viagem?

- De três a quatro dias, não mais que isso. - respondeu a soberana. - Será necessário que eu leve alguma comitiva conosco?

- Minha rainha, eu creio que a senhora deva ficar aqui. - Tessan, que até então estava apenas ouvindo a conversa, se pronunciou.

- Eu quero ir! - retrucou a patrulheira.

- Ele tem razão, Arcanya. Você deve ficar e cuidar de seu reino. - ponderou o arcano humano.

A meio elfa cruzou os braços e bufou irritada como fosse uma adolescente rebelde. Ela estava certa de que deveria ir, pois havia participado do resgate da primeira parte do artefato. Tessan olhou para ela e balançou a cabeça num gesto de reprovação a atitude que ela estava tomando.

Os preparativos levaram em torno de quatro dias e durante todo esse tempo a rainha tentava convencer seus companheiros, principalmente Azhara, de deixarem ela os acompanhar. Sua insistência foi tanta, que mesmo contrariado e com a desaprovação do sábio conselheiro, o mago humano cedeu e concedeu a permissão do embarque a Arcanya.

No inicio da manhã do quinto dia, todos já estavam no porto para embarcar no galeão élfico. Tessan também viera e trazia consigo Eloara. Arcanya se despediu da jovem e pediu para que ela cuidasse do reino enquanto estivesse fora. Apesar de irritado com a atitude infantil que a soberana havia tomado, o conselheiro se aproximou dela e deu um forte abraço.

 - Cuide-se. - disse o sábio antes de se afastar acompanhado de Eloara.

Após despedidas e aconselhamentos, o grupo embarcou no galeão e o mesmo se preparava para partir. Quando este ameaçava afastar-se da borda do pier principal, uma voz feminina ecoou pelo porto. Os marinheiros que estavam no convés olharam em direção a voz e viram uma jovem humana com as mãos erguidas como se pedisse para que a esperassem. Um marinheiro avisa ao capitão e este manda parar a embarcação. Gunglain, reconhecendo o tom da voz, olha para fora do barco e exclama:

 - Fernanda!

Os outros olham para a jovem que vinha correndo até o galeão, enquanto a tripulação baixava a ponte para que a humana entrasse na embarcação. Ao entrar e chegar até o convés, Fernanda encosta em um dos mastros para descansar. Sua respiração estava acelerada por causa do esforço feito para correr o mais rápido que podia até a embarcação. Azhara a olhava com indiferença, desde o primeiro contato com a ladina ele não sentia confiança nela.

A viagem prosseguiu tranquila, com o mago ensinando o trajeto, de acordo com o que estava escrito no livro, ao capitão. Em dois dias estavam no local indicado como a cidade submersa.

 - Chegamos. - Azhara avisou aos companheiros.

- Chegamos?! Como?! Só vejo água por todos os lados. - Fernanda indagou surpresa.

- Não entendi o motivo de sua surpresa. Estamos no local exato, como o livro descreveu. - retrucou o mago.

- Creio que ela esperava ver alguma coisa além do mar, alguma parte da cidade emersa. - explicou Arcanya e ao olhar para o horizonte teve a mesma sensação da ladina. - Se aqui é o lugar certo, como faremos para chegar em definitivo a cidade?

Todos olharam para o mago aguardando a resposta da pergunta feita pela rainha. Ele pensou um pouco antes de recitar algumas palavras arcanas e tocar a si e a seus companheiros, com exceção de Marlus.

 - E quanto a mim? Por que não me tocou? - perguntou o bárbaro.

- Precisamos de alguém para defender a embarcação e você é o mais indicado. - respondeu o mago.

 Marlus ainda tentou protestar contra, mas Azhara estava a coordenar a descida dos outros companheiros. Contrariado, o bárbaro ficou a olhar seus amigos desaparecem pelo mar.

Os bravos guerreiros não tiveram dificuldades em respirar debaixo d'água devido ao encanto que Azhara conjurou e nadaram até a entrada do que parecia ser um templo. Ali não tiveram problemas para respirar, mesmo quando cessou o efeito da magia.

O pórtico de entrada estava em ruínas e ainda assim exibia a beleza de outrora. Gunglain e Arcanya fizeram tochas com pedaços de madeira que ali encontraram. O cavaleiro caminhou mais a frente seguido de Fernanda e mais atrás estavam Azhara e a rainha. Todos entraram juntos no recinto que exibia a escuridão em seu interior.
A luz proveniente das tochas não era forte o suficiente para iluminar bem o local, o que dificultava a visão da maioria, até mesmo para a mestiça, que do grupo parecia ser a que melhor enxergava nessas condições. 

Ao passarem pelo pórtico, eles chegaram ao que parecia ser um salão nobre. Algumas figuras imponentes estavam talhadas nas paredes e todas elas estavam em péssimo estado de conservação. Pareciam ser divindades ou soberanos locais, pois muitas dessas imagens se assemelhavam a sereias ou tritões.

Na parede oposta a entrada, outras aberturas eram vistas. Todos aproximaram até perceberem que eram acessos a três corredores tão escuros quanto o próprio salão. Eles se entreolham sem saber qual dos corredores seguir. Cada um dava um palpite diferente com exceção de Arcanya que parecia prestar atenção ao redor. 

 - Fiquem quietos! - ela pediu aos companheiros. - Ouço passos. Passos apressados, mas ainda distantes de nós. Não sei bem ao certo de onde vem, mas eu creio que venha do corredor do meio.

Gunglain foi o primeiro a entrar no corredor central, erguendo a tocha com uma mão e a outra empunhando a espada. Fernanda foi logo atrás e trazia em suas mãos adagas afiadas. Arcanya seguia ao lado de Azhara, ele com o cajado em uma das mãos e a tocha na outra, ela com o arco em punho. Por algumas vezes a ladina se adiantava em relação ao grupo e ia furtiva detectando se havia armadilhas no local, desarmando-as quando era necessário.

Os passos que eles ouviram antes estavam cada vez mais próximos. Gunglain pede para que Fernanda fique junto ao grupo e começa a caminhar sozinho mais à frente. Quanto mais ele caminhava, mais os passos alheios pareciam se aproximar. A aproximação foi tanta que os passos, que vinham em direção oposta ao cavaleiro, se encontraram com os do humano, acontecendo o choque de dois corpos. O rapaz, por ser maior, apenas recuou uns passos. O outro, por ser menor, caiu sentado no chão.

Gunglain levou a tocha até o outro que estava caído e percebeu que se tratava de um anão. Este, muito assustado, se erguia lentamente olhando para o humano. O cavaleiro notou que ele trajava roupas de sacerdote, provavelmente de uma divindade do panteão anão.

- O que faz aqui? - indagou o cavaleiro.

- Estou perdido. Eu e meus amigos nos perdemos quando, sem saber, abrimos um portal em nossa cidade. Quando eu me dei conta estava aqui sem a companhia deles. -  respondeu o anão. - Mas... e você o que faz aqui? Também perdido?

- Não. Vim com outras pessoas em missão de resgate de parte de um artefato.
Os outros, que estavam mais atrás aguardando a volta do cavaleiro, se aproximaram ao ouvirem as vozes dos dois. E ficaram surpresos ao verem o anão.

 - Quem é ele? - Fernanda perguntou a Gunglain.

- Alguém que está perdido e pelos trajes creio que seja um sacerdote. - respondeu o cavaleiro. - Estou certo? -  o humano fez a pergunta ao anão e este respondeu balançando a cabeça positivamente.

- Qual o nome dele? -  a humana tornou a perguntar. Antes que o rapaz pudesse responder, o sacerdote falou:

- Esqueci de me apresentar. Sou Durgondo Carvalho de Ferro, clérigo dos Ancestrais Anões. E vocês como se chamam?

- Sou Gunglain, cavaleiro e duque de Theramore. - respondeu primeiramente o humano.

- Sou Azhara. - o mago limitou-se a dizer somente o nome.

- Sou Fernanda, uma jovem um tanto que... esperta. -  a humana sorriu ao terminar sua apresentação.

- Sou Arcanya, rainha dos elfos de Ethruria. - a mestiça ao se apresentar terminou o ciclo de apresentações. - Como veio parar aqui? - ela perguntou a Carvalho de Ferro.

- Como havia dito ao seu amigo, sem querer, eu e meus amigos abrimos um portal e viemos parar aqui. Percebi que havia me perdido deles quando recobrei a consciência. Quero encontrá-los e voltar para casa.

- Hum... - a meio elfa pensou um pouco antes de concluir a frase – Você virá conosco até encontrarmos seus amigos e uma maneira de vocês retornarem as suas casas. Concorda?

- Concordo. Qual plano vocês tem em mente? - o clérigo parecia interessado em querer que eles compartilhassem suas ideias com ele.

- Seguiremos por este corredor, fazendo o caminho que você fez até nos encontrar. - Gunglain falou. O sacerdote pareceu assustar-se com a ideia.

- Há muitas criaturas pelo caminho que vim. Algumas eu enfrentei, outras fugi. Estava fugindo de uma dessas criaturas quando os encontrei. Peço que tenhamos muito cuidado. - o anão ponderou.

Gunglain concordou com a cabeça e todos voltaram a caminhar pelo corredor. Durante o percurso encontraram corpos de criaturas marinhas e também de pessoas, talvez aventureiros que descobriram o templo e resolveram investigar. 

O clérigo guiava a todos e ia mais à frente acompanhado do cavaleiro e da ladina, mais atrás seguiam o mago e a patrulheira. Todos prestavam atenção a cada passo dado, a cada barulho ouvido. E com isso eles puderam prever a aproximação de algumas criaturas. Possuíam cor verde-escuro nas costas, clareando em direção ao abdômen, e barbatanas negras. Verdadeiros homens-peixe.

Azhara, com seu conhecimento mistico, alertou aos outros que poderiam ser criaturas conhecidas como sahuagins. O sacerdote anão afirmou que fugia dessas criaturas quando encontrou o grupo. Com armas em punho, os homens-peixe atacaram os aventureiros e esses revidavam como podiam, seja no ataque corpo-a-corpo, no ataque à distância ou com magias.

A batalha contra os sahuagins durou o tempo suficiente para que o grupo precisasse dos poderes de cura de Carvalho de Ferro. Com a ajuda do sacerdote, eles conseguiram vencer as criaturas e prosseguiram pelo corredor.

Por mais algum tempo eles continuaram a caminhar pelo extenso corredor. Fernanda já estava entediada em andar a esmo, assim como Gunglain. O cavaleiro por algumas vezes perguntava a si mesmo se eles não haviam se perdido. Os outros permaneciam em silêncio.

Alguns minutos se passaram, talvez horas, até que no fim do corredor uma fraca luz podia ser percebida. Essa visão animou o grupo, que apressou o passo na curiosidade de descobrir o que havia lá. Ao final do corredor havia uma porta que dava acesso a uma câmara iluminada. Os aventureiros entraram sem ao menos verificar se havia alguma armadilha.

O local não exibia decoração relevante, algumas pinturas descascadas, algumas reentrâncias nas paredes. O chão, desnivelado, fazia com que o grupo andasse com cautela. Enquanto os outros se dirigiam para o centro da câmara, Fernanda pareceu observar as paredes, pois algo nelas chamou sua atenção. Vasculhando com as mãos, ela encontrou algo parecido com um dispositivo e ao desarmá-lo, um estrondo foi ouvido, chamando a atenção de todos.

Em uma das paredes da sala, até então não percebido, um portão se abria e revelava uma cela. Azhara percebeu que o pedaço do tridente que trazia consigo começou a brilhar intensamente. Para ele esse sinal significava duas coisas: ou ali estava o restante do artefato ou o próprio Oceannus.

- O que faremos? - Arcanya perguntou aos seus amigos.

- O tridente brilha. - o mago mostra o artefato aos outros. - A outra parte pode estar dentro daquela cela. Ou até mesmo o titã.

- Vamos lá ver o que encontramos. - Gunglain falou e seguiu rumo ao portão aberto. Os outros o seguiram.
Da entrada da cela, apenas podiam ver contornos de pilares e entalhes nas paredes, pois a iluminação era muito precária. As tochas trazidas pelo grupo já estavam no fim e a luz que exibiam não ajudava muito. 

Eles entraram no recinto e ficaram a observar o local, notando mais ao fundo uma grande silhueta. Seguiram até ela e viram que se tratava de uma figura humanoide gigante acorrentada. O grupo olhou surpreso para o gigante, com exceção do anão, que nada entendia.

- Será ele? - perguntou Fernanda.

- Acho que sim. - respondeu Azhara.

- De quem vocês estão falando? - perguntou Carvalho de Ferro. Ele estava completamente perdido no assunto.

- É uma longa história. Mas o que posso dizer é que esse pode ser o titã Oceannus, dono do artefato que viemos procurar. - respondeu o mago.
Enquanto os seus companheiros conversavam, Gunglain ficou a observar a criatura. Ele queria ter certeza se ela estava viva ou morta. Ao se aproximar mais, percebeu que ela ressonava e deduziu que apenas adormecia.

- Ele está adormecido, não oferece perigo algum. Podemos prosseguir. - o cavaleiro disse ao chegar perto de seus amigos.

- Vamos libertá-lo. - a rainha falou imponente.

- E por qual motivo faríamos isso? - retrucou Gunglain.

- Ele pode ser Oceannus. - respondeu a mestiça.

- Nós temos que libertá-lo baseado numa suposição? Não concordo.

- Creio que Arcanya tenha razão. O tridente brilha, há uma possibilidade de ele ser o titã. - Azhara interviu.

- Façam como acharem certo. - o cavaleiro resmungou entre os dentes.
O suposto titã estava acorrentado pelos braços com fortes correntes e estas não estavam ao alcance do grupo. O grupo se entreolhou antes de tomar uma atitude e escolheram a rainha para golpear as correntes, por ela possuir o cinturão de Aramus que lhe conferia uma força descomunal. Para que ela pudesse alcançar o alvo, o mago retira de uma bolsa que traz consigo uma pena e a movimenta enquanto recita umas palavras arcanas, para posteriormente tocar na mestiça, lhe concedendo assim o poder de voar.

Arcanya voa até as correntes e as golpeia, não surtindo o efeito esperado. Ela tenta novamente e nada acontece. Os seus companheiros a observam sem entender porque ela não estava conseguindo quebrar as correntes. A meio elfa tentou proferir mais um golpe, mas o conteve ao ver a figura gigante se mexer e abrir os olhos.

- Quem ousa quebrar as correntes que me prendem? - falou o gigante olhando em direção a rainha que flutuava a sua frente.

- Oceannus? - Azhara perguntou enquanto se aproximava da figura. O gigante olhou para a direção do humano com um olhar curioso.

- Como sabe quem eu sou? - olhou para todos que estavam ali no recinto. - Quem são vocês?

- Pessoas interessadas em obter sua ajuda para encontrar um artefato que no passado lhe pertenceu. -  o mago responde e retira de sua bolsa o tridente partido, mostrando-o ao titã - Reconhece?

- É meu tridente. -  os olhos de Oceannus encheram-se de raiva ao ver o artefato partido e lembrou-se de quem o partiu. - Maldito Aureus! - ele esbravejou antes de perguntar - Como o encontrou?

- Em algumas ruínas na ilha de Lodis. E graças a um livro que se encontra na biblioteca do reino dos elfos, descobrimos a localização desse local. - respondeu o arcano.

- Estamos à procura da outra metade do tridente e queríamos a sua ajuda para encontrá-lo. Por isso eu estava golpeando as correntes para que pudéssemos libertá-lo. - a meio elfa falou.

- Suas armas são inúteis contra essas correntes. Somente o tridente pode quebrá-las. - as palavras do titã pareceram frustrar o grupo – Encontre-o e traga aqui para me libertar.

- O que ganhamos em troca? - perguntou Fernanda que até então estava calada. A ladina imaginava que o titã poderia ter algo muito valioso a oferecer. 

- Posso ajudá-los com o que desejarem. Sou um titã, tenho poderes supremos.
Fernanda sorri ao ouvir as palavras dele. Cobiça por prêmios era algo que sempre a movia. Animada, ela tenta convencer seus companheiros a ajudar o titã. Os outros concordam em ajudar, mas não pelo mesmo motivo da ladina. Todos não, Gunglain estava “concordando” a contragosto, pois ele achava que Oceannus não era confiável.

Antes de partirem, Oceannus disse a eles que usassem a parte do tridente que possuíam, pois ela os levaria ao pedaço que faltava. Azhara balançou a cabeça concordando com a sugestão do titã e deixou o tridente à mostra, segurando com uma das mãos.

Os aventureiros saíram do recinto rumo ao local onde estaria a outra parte do tridente e tinham como guia o pedaço que possuíam. Fernanda e Arcanya iam na frente, uma para desarmar possíveis armadilhas, a outra para encontrar possíveis rastros. Azhara ia logo atrás e erguia o tridente a sua frente, observando se emitia algum brilho ou calor. Gunglain e Carvalho de Ferro iam logo atrás cobrindo a retaguarda.

Eles seguiram por um túnel que não possuía nenhuma bifurcação e não encontraram nenhum empecilho, apenas alguns corpos não identificáveis devido ao estado de decomposição. Ao chegarem ao fim do túnel, uma grande sala é desvendada, tendo em seu centro uma espécie de lagoa. Azhara sente o tridente queimar em suas mãos e os outros observam o brilho que ele emite. “Então a outra parte está aqui.”, pensou o mago. O arcano humano se aproxima da lagoa e percebe que no fundo algo brilha tão intensamente quanto o artefato que trazia consigo.

 - A outra parte está lá embaixo. - o mago diz apontando para o fundo da lagoa. Os seus companheiros se aproximam e também observam o brilho vindo do fundo.

- Então é só descer né? - Fernanda diz enquanto se aproxima cada vez mais da borda da lagoa.

- Ei, Fernanda! - Arcanya põe a mão no ombro da jovem humana tentando impedi-la de entrar na água. - Não seja precipitada!

- Precisamos de um plano para conseguimos recuperar o que está lá embaixo. - Azhara para de falar e coça o queixo por alguns instantes como se pensasse em algo. - Bom... - e continuou. - Qual de vocês possui algum artefato ou poção que possa fazer com que respire debaixo d'água? Eu consigo através de magia, posso levar mais de um, porém o tempo que poderemos permanecer será bem curto.

- Eu tenho a benção divina dos Ancestrais Anões e com isso eu posso respirar na água. Eu também posso levar mais de um comigo, mas sofrerei as mesmas restrições que Azhara. - falou o sacerdote.



 


 Arcanya, Fernanda e Gunglain procuraram em seus pertences algo que pudesse servir para respirar debaixo d'água, mas somente o cavaleiro encontrou algo que servisse.



 - Encontrei isso em minhas coisas. - o cavaleiro mostra um frasco contendo algum liquido dentro. - Não sei muito bem o que é. Será que serve?

- Deixe-me ver. -  o mago pegou o frasco e analisou com os olhos. Ficou em silêncio por alguns minutos antes de responder. - Sim, meu caro Gunglain. Esse frasco contem uma poção que faz com que se respire embaixo d'água.

- Então está decidido. Iremos eu, Azhara e Gunglain. As duas senhoritas ficam nos aguardando aqui fora. - falou Carvalho de Ferro.

- Acho perigoso só irem vocês. Deixe-nos acompanhar também. - pediu Arcanya.

- Você e Fernanda ficam aqui. Se algo acontecer a nós, vocês são a nossa esperança. - Azhara disse, mesmo que internamente ele desejasse a força da rainha ao seu lado enquanto estivessem submersos.

Os preparativos para a descida ao fundo da lagoa começam. Azhara recita algumas palavras arcanas, segura um punhado de palha em uma de suas mãos e o passa pelo próprio corpo. Gunglain sorveu todo o conteúdo que continha no frasco da poção em um só gole. Carvalho de Ferro ora aos Ancestrais Anões para que eles lhe concedam a benção desejada. Após o termino dos preparativos, os três aproximaram-se da água e mergulharam sob os olhares atentos de Arcanya e Fernanda.

A descida até o fundo da lagoa foi tranquila. Cada vez que se aproximavam do objeto que estava no fundo, mais Azhara sentia a parte do tridente queimar e brilhar em suas mãos. E assim que conseguiu por as mãos nele e juntar com a outra parte, um brilho intenso tomou conta do lugar, chamando atenção das jovens que aguardavam à margem da lagoa.

- Parece que eles conseguiram. - comentou a rainha.

- Viva! - os olhos da ladina brilhavam com o sucesso obtido e a possível recompensa a ser conquistada.
Com a relíquia em mãos, eles começaram a nadar de volta à superfície, porém no meio do caminho foram interceptados por uma criatura. Um ser que ora parecia uma tartaruga devido ao seu casco, ora parecia um dragão devido a sua mandíbula, assustando os três aventureiros e os atacando em seguida. 

Os bravos humanos se defendiam como podiam. Gunglain ia para o contra-ataque bradando sua espada, Azhara se valia das magias que lançava e Carvalho de Ferro usava suas orações e bençãos provindas dos Ancestrais Anões para curar e proteger seus companheiros. A criatura atacava alternadamente com as garras e a mandíbula, enquanto os golpes desferidos pelo cavaleiro resvalavam em sua carapaça dura e quando conseguia ultrapassá-la, pouco ferimento causava.

A batalha estava difícil e favorável ao inimigo. Nem as orações do sacerdote estavam surtindo efeito devido a quantidade de ferimentos que recebiam do oponente. O dragão tartaruga, como fisicamente era parecido, não contente em atacar com as garras e os dentes, atacava também utilizando-se do sopro de dragão. Por duas vezes ele usou o ataque, sendo a segunda mortal para Azhara.

O combate parecia ganho para o inimigo, mas com muito esforço o cavaleiro e o sacerdote conseguiram vencê-lo. Do lado de fora, a mestiça e a humana perceberam a água ficar turbulenta, mas nada viam além disso. A patrulheira olhava para a água preocupada, mas a ladina nada fazia e permanecia sentada aguardando. Não demorou muito para que Gunglain e Carvalho de Ferro emergissem com o corpo de Azhara nos braços do cavaleiro. Arcanya olhou para eles com tristeza nos olhos, mas Fernanda só queria saber se haviam conseguido o tridente. A sua ansiedade em obter a recompensa de Oceannus era tanta que ela nem reparou os olhares de reprovação que recebeu dos outros companheiros.

- O que vamos fazer? - a meio elfa indagou preocupada. - Azhara está morto!

- Não sei. Eu avisei que não devíamos confiar no titã. Agora veja como nosso amigo está. - retrucou o cavaleiro.

- Isso não é hora para ficarmos discutindo o que devia ter sido feito. - o sacerdote interviu. - Estamos com o tridente completo e vamos levá-lo até Oceannus. Ele saberá o que fazer.

- Isso! Vamos logo! - Fernanda, animada, chamava os companheiros para segui-la.
Sem muito ânimo, os outros não tiveram outra escolha senão seguir com a ladina de volta a cela onde o titã estava preso. Com exceção da jovem humana, todos os outros exibiam um semblante triste por causa da perda do companheiro, principalmente o cavaleiro e a patrulheira, pois eles já conviviam com o mago há bastante tempo.

Refizeram o caminho em silêncio, tendo Fernanda à frente guiando o grupo. Ao chegarem ao local, Oceannus olha para o grupo e este para defronte a ele. Gunglain coloca o corpo de Azhara no chão, pega o tridente que estava com Carvalho de Ferro e encara o titã com um olhar sério.

- Aqui está o seu tridente. - o cavaleiro mostra o artefato a Oceannus. - Foi conseguido ao custo da vida de nosso amigo.

- Sim, eu percebi. E sinto que põe a culpa em mim por causa disso. - o titã fala olhando para Gunglain e este mantém o mesmo olhar sério para o outro. - Se me permitir posso trazer seu amigo de volta a vida.

- Seria digno de sua parte fazer isso.

- Preciso que vocês quebrem as correntes com o tridente.
Gunglain lançou um olhar incrédulo ao titã e não moveu-se do lugar. Arcanya foi até o cavaleiro, tirou o tridente de suas mãos e quebrou as correntes que prendiam os pés de Oceannus. Depois, com muito esforço, ela subiu pelo corpo dele até alcançar suas mãos e quebrou as correntes que as prendiam.

- Por favor, jovem. Me devolva o tridente. - o titã pediu assim que viu Arcanya chegar ao chão. A mestiça obedeceu e lhe entregou o artefato.



Oceannus pega o tridente das mãos da rainha e aponta para o corpo de Azhara, recitando algumas palavras em seu idioma. Alguns minutos depois o mago humano abre lentamente os olhos. Gunglain aproxima-se do amigo e o ajuda a se erguer. Arcanya e Carvalho de Ferro sorriem ao verem o companheiro vivo, mas Fernanda só tinha interesse em saber da recompensa que o titã havia prometido. Quando a ladina teve intenção de mencionar algo, foi interrompida.

 - Devo agradecê-los por terem recuperado meu tridente e me libertado. Como forma de agradecimento, concedo para cada um de vocês um desejo. - Oceannus falou a todos, deixando-os surpresos.

- Quem começa? - Fernanda falou chamando a atenção pra si.

- Já que está tão interessada, você pode ser a primeira. - resmungou Gunglain. A ladina olhou para ele e lhe mostrou a língua.

- Pois bem. - a jovem humana para e pensa um pouco antes de falar – Eu quero poder. Muito poder.

Oceannus ouviu atentamente o pedido da humana e bateu com a haste do tridente no chão. Um estrondo foi ouvido por todos, mas nada além disso aconteceu. Fernanda olhava atônita para o titã querendo respostas para perguntas apenas formuladas em sua mente.

- Quero ser o segundo. - Carvalho de Ferro colocou-se a frente de Oceannus. - Eu vim parar nesse local por engano, juntamente com meus amigos. Me perdi deles e tenho como desejo voltar para minha cidade com eles.
O titã meneia a cabeça num gesto afirmativo e bate novamente com a haste do tridente. Outra vez um estrondo é ouvido, mas diferentemente da vez anterior, o sacerdote anão desaparece na frente de todos.

- Minha vez. - Gunglain falou, deixando Azhara aos cuidados de Arcanya. - Eu desejo encontrar o amor verdadeiro. Somente isso.
Mais uma vez Oceannus repete o gesto anterior e como no caso do sacerdote, o cavaleiro também desaparece do recinto. Arcanya olha para Azhara preocupada, mas o mago pede que ela tenha calma. O humano com algum sacrifício se aproxima do titã.

 - Não serei egoísta ao ponto de pedir algo somente para meu próprio bem. Há pouco tempo atrás tivemos um combate contra as forças eloranas na cidade de Ravenmore. Muitas vidas foram perdidas e as que não foram, tiveram como destino a escravidão. Queria que eles retornassem a vida que eles tinham antes do acontecimento.

Novamente o titã refaz o mesmo ritual e como no caso de Fernanda, nada além do do estrondo aconteceu. Arcanya pensou se realmente aquilo que desejavam estava realmente sendo atendido, mas desistiu dos devaneios ao fazer o seu desejo:

- O reino de Ethruria há pouco tempo sofreu um ataque de orcs, o que ocasionou mortes e destruição do local. Desejo que todos os que morreram nessa batalha voltem a vida, assim como o reino volte ao esplendor que era antes do confronto.

Após ter atendido todos os desejos, o titã murmura algo em sua língua e ergue o tridente. Um raio sai dele rumo ao céu, desaparecendo em seguida. Os que estavam ali observam com assombro o que estava acontecendo. Mas o que eles não sabiam é que em algum lugar da costa continental, uma enorme onda invade e destrói o que vê pela frente. Era a vingança de Oceannus ao que Aureus fizera a ele.

Oceannus abaixa o tridente e olha para o grupo. Com as mãos, ele pede que se aproximem. O trio se aproxima com um pouco de receio, mas o titã os tranquiliza dizendo que vai levá-los de volta à superfície. O titã gira o tridente e embaixo dos seus pés um chafariz é formado, levando todos à superfície.

Durante todo o tempo que seus amigos permaneciam submersos, Marlus andava de um lado para o outro no convés do galeão élfico. Ele estava inconformado de ter ficado de fora da expedição. Por muitas vezes, o bárbaro olhava para o mar na expectativa de ver seus companheiros retornando. E em uma dessas observações, ele percebe o mar ficar agitado e mantém o olhar fixo na direção do acontecimento. Em instantes, surge uma figura imponente e gigante, segurando em uma das mãos um magnífico tridente. Ao lado dele estavam Arcanya, Azhara e Fernanda, o que fez Marlus respirar aliviado e ao mesmo tempo preocupado pois havia notado a falta de Gunglain.

Tudo parecia tranquilo quando Oceannus deixou o trio no convés da embarcação, mas a tranquilidade durou alguns segundos. Uma criatura surgiu sem que ninguém percebesse sua chegada e atacou o titã, que usou de sua agilidade para não atingir o galeão élfico.

- Aureus! Maldito! - esbravejou Oceannus quando viu quem era o seu agressor.
Aureus, o arauto mor de Elor, não havia vindo sozinho. Trouxe com ele algumas criaturas malignas que ameaçavam atacar a embarcação e sua tripulação. Oceannus se colocou à frente do galeão e atacou Aureus com o tridente, não ferindo muito o adversário diretamente, mas dizimando as criaturas por ele convocadas.

Por mais que Azhara, Arcanya, Fernanda e Marlus quisessem ajudar, o combate não estava à altura deles. Oceannus lutou sozinho contra Aureus e por infelicidade acabou sendo derrotado pelo arauto mor, tendo seu corpo inerte lançado ao mar.

A tripulação da embarcação estava apavorada e os bravos heróis se preparavam para enfrentar o poderoso inimigo. Aureus fez menção de atacá-los, mas foi interrompido por um contra-ataque vindo de mais além. Um dragão dourado havia utilizado-se do sopro de dragão para atacar, atraindo para si a atenção do arauto.

Aureus enfureceu-se com o golpe recebido e convocou novas criaturas malignas, mandado-as atacar o dragão dourado. O dragão não estava só, tinha a companhia de outros titãs e estes atacaram as criaturas convocadas, deixando o caminho livre para ele atacar diretamente o arauto.

O combate foi intenso e a tripulação do galeão élfico apenas assistiu sem intervir. As criaturas convocadas pelo arauto foram dizimadas pelos titãs e o próprio Aureus perdeu o embate contra o dragão dourado. Ele jurou vingança e desapareceu em seguida.

Com a derrota do inimigo, os titãs se reuniram ao lado do dragão dourado, sendo que este olhava atentamente a embarcação élfica que estava ali. Arcanya, Azhara, Fernanda e Marlus perceberam e não sabiam ao certo se deviam atacar ou esperar. O que aquela criatura estava planejando eles nem imaginavam o que poderia ser, mas com um gesto o dragão os teleportou dali para algum lugar bem distante e entre nuvens.

2 comentários:

  1. Como sempre um enredo denso e envolvente...mais uma vez você demonstra fantástico potencial para se tornar escritora de fato, meus mais sinceros parabéns e que vc aumente as descrições dos seus cenários e personagens para que cada vez mais estejamos imersos nesse mundo fantástico que vcs criam!!

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  2. Muito obrigada mocinho! Vou tentar melhorar a cada capitulo. Quanto a descrever o cenário, acho que vou criar um espaço só para isso.

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