terça-feira, 11 de junho de 2013

Cap. III - O desaparecimento da 8ª Legião. O ataque a vila.

Séculos se passaram e a consolidação do Império Elorano era evidente. Todas as cidades do continente eram parte integrante do império. Somente o reino élfico de Calevais e algumas pequenas vilas élficas se mantiveram fora da dominação dos elorianos.

O império não queria se restringir ao continente e pouco a pouco infiltrava seus homens nas cidades humanas da ilha de Lodis. Muitas delas foram dominadas, mas existiam aquelas que resistiam bravamente a imposição dos elorianos. Eram denominadas rebeldes e sua resistência fazia com que Eloria, a capital do império, enviasse cada vez mais tropas para a ilha, na tentativa de conter a revolta dos rebeldes e ampliar a área de dominação.

As tropas do Império Elorano eram conhecidas como legiões e cada uma possuía uma numeração que a definia. Eloria enviou para Lodis a 8ª Legião e a mesma tinha como missão conquistar as cidades rebeldes e assim expandir o império. O pedido foi prontamente atendido e a legião foi enviada a ilha o mais rápido possível.

A missão, que inicialmente parecia tranquila, não foi executada por completo. As tropas encontraram resistência dos rebeldes e os combatiam com ferocidade e técnica de batalha adquirida nos treinamentos. Eram superiores e já haviam conquistado algumas cidades desde a chegada em Lodis. E a cada nova vitória, uma mensagem era enviada a Eloria a fim de manter a capital informada dos acontecimentos. Um dia essa rotina de envio de mensagens se quebrou e a 8ª Legião deixou de se comunicar com o império.

O sumo sacerdote de Elor, líder de Eloria e de todo o império, temendo uma reviravolta dos rebeldes, envia para a ilha a 13ª Legião com a incumbência de conter os rebeldes e procurar o paradeiro das tropas desaparecidas. O líder dessa legião, o paladino Graccus, pede para ir antes de seus subordinados e tem seu pedido aceito. Como companheiro de missão, ele escolhe Arn, um bárbaro que há tempos lutava ao lado dos elorianos. Ambos, com a devida permissão concedida, partem rumo a Lodis na tentativa de esclarecer o mistério do desaparecimento da 8ª Legião.



Em Lodis, os rebeldes comemoram a vitória obtida com o desaparecimento das tropas do império. Muitos se aproveitam desse momento de festejos e utilizam-se da denominação rebelde para saquear e invadir as cidades e vilas pertencentes aos elorianos. São mercenários e assassinos que visam somente o próprio bem-estar, não se importando com as vitimas de seus ataques. Contra esse tipo de delinquentes que Arcanya, uma patrulheira da floresta de Illusia, luta para preservar o local onde habita.

Arcanya é uma jovem meio-elfa que vigia a floresta de Illusia. A floresta é seu lar desde que Sabino a trouxe, ainda recém-nascida, para viver em companhia dele e de sua esposa, Khrishna. A mestiça nunca soube ao certo quem são seus verdadeiros pais, apenas sabe que sua mãe era uma elfa muito amiga de seu pai adotivo. Apesar de muitas insistências, a patrulheira nunca fora permitida de sair das imediações da floresta. Quando saía, era acompanhada de Sabino e sempre com capuz sobre a cabeça, ocultando assim sua origem miscigenada.

A mestiça aprendeu a ser patrulheira com Sabino, que outrora fora um membro de alguma legião elorana. Com a morte dele, coube a ela a responsabilidade de manter a paz em Illusia. Atividade que a jovem fazia com maestria, sempre acompanhada de Ki-Lin, seu unicórnio e fiel companheiro e amigo. Suas patrulhas pela floresta eram tranquilas, às vezes algum saqueador aparecia e ela sem muita dificuldade o colocava para fora dos limites do local.

Illusia não é uma floresta muito grande, mas as copas de suas árvores são densas e servem de proteção aos habitantes, além de refrescar na época quente. Os viajantes que costumam atravessá-la se refrescam nos pequenos fios de água que correm por toda sua  extensão, comem dos frutos oferecidos pelas árvores e repousam do cansaço das caminhadas impostas pelas viagens. A única restrição imposta é a caça. A preservação da vida silvestre era primordial e tanto Sabino, anteriormente, quanto Arcanya, atualmente, ajudavam a mantê-la. A mesma rotina é repetida todos os dias: patrulhar toda a extensão de Illusia.

Em mais uma manhã de patrulha, Arcanya observa ao longe algo completamente estranho. Por instantes ela custa a compreender o que vê, mas não demora muito para perceber o que era: um grupo de goblins se aproximava, à passos rápidos, de um vilarejo próximo a floresta. A mestiça ajeita o arco e a aljava em suas costas, confere se suas espadas estão em suas bainhas e assobia, emitindo um som agudo para qualquer ouvido. Era um sinal de alerta para que Ki-Lin se aproximasse. Um sinal de que algo estava em perigo.

- Por Aurora! Eles vão atacar a vila! Preciso fazer algo rápido. - disse Arcanya.

Não tardou para que Ki-Lin aparecesse. O unicórnio percebeu que algo ou alguém estava em perigo por causa da expressão no rosto de Arcanya, mas nada falou. Deixou a jovem montar em sua garupa e a guiou, com galopadas rápidas, em direção ao vilarejo.

***

Enquanto isso, em um porto de alguma cidadela elorana na ilha, uma embarcação do império aporta. Desembarcam além de suprimentos e munições, Graccus e Arn, ambos incumbidos de vasculhar toda a extensão insular a procura de rastros sobre a 8ª Legião. Estavam sozinhos, pois sua legião, a 13ª, viria alguns dias depois.

A pequena cidade não era exuberante como as cidades imperiais que ficavam no continente, fato esse por ter tamanho diminuto e economia muito insignificante para a capital. As habitações simples de madeira retratavam toda a simplicidade da cidadela, cujos jardins serviam como hortas domésticas. O porto é o destaque local e o motivo de Eloria ter enviado tropas para conquistá-la tempos atrás.

Graccus e Arn não demoraram muito na cidadela. Deixaram suas coisas na única e pequena hospedaria, conhecida pela alcunha de “Maré de Rum”, conseguiram dois cavalos com o dono do estabelecimento e partiram para reconhecer a região e procurar pistas sobre o paradeiro da 8ª Legião.

***

Não muito longe, nos arredores da floresta de Illusia, uma pessoa encapuzada chega nos portões do vilarejo. Ele para e olha fixamente para o interior do local, aproveitando-se do portão aberto. Alguns arqueiros, não mais que dois ou três, olham para o estrangeiro com curiosidade para depois o ignorarem e seguirem seu rumo em direção às seteiras, localizadas na singela muralha que protegia a pequena vila.

O encapuzado prossegue com passos calmos para dentro e retira o capuz, revelando um homem com pele morena, barba e cabelos negros, bem cortados. Trajava uma túnica com mangas compridas, traje típico de usuário de magia arcana, confirmado pela bolsa que carregava contendo nela o seu precioso grimório. Ele não pareceu se importar com alguns olhares que atraiu  e prosseguiu até a entrada da simplória hospedaria local. Quando colocou a mão na maçaneta, ouviu galopes longínquos. Ignorou-os até ficaram cada vez mais fortes indicando que alguém estava vindo. Olhou para o portão e viu um unicórnio se aproximar. Percebeu também uma jovem de cabelos castanhos dourados desmontá-lo e vir em direção a entrada da vila. Desistiu de abrir a porta para observar a aproximação dela.

***

Arcanya parou ao chegar na entrada do vilarejo. Desmontou de Ki-Lin e entrou sem ele, pois sabia que o unicórnio não se sentia bem em ambientes desmatados. Prosseguiu até aproximar-se de uma das seteiras e perguntou a um dos guardas onde encontraria o líder local. O homem apenas apontou em direção a uma casa ao lado da hospedaria. A jovem acompanhou com o olhar a direção dada antes de caminhar até o local indicado.

A distancia entre a muralha e a casa do chefe não era grande, mas a mestiça a completou com passadas apressadas. Tinha pressa em alertar sobre o perigo que corriam, mas quando pensou em bater na porta da residência notou que alguém a observava. Pensou em indagá-lo para saber o motivo, mas desistiu por julgar fútil perante as circunstancias que a levaram até ali.  Ignorou o observador e deu 3 toques na porta de madeira e aguardou ser atendida. Ouviu passos se aproximarem e depois o ranger da porta se abrindo. Um rosto redondo apareceu com um olhar curioso e indagativo.

- Quem deseja? - perguntou.

- Sou Arcanya e patrulho a floresta de Illusia que fica nos arredores daqui. O senhor é o chefe local? - respondeu a jovem.

- Sim. O que a traz aqui?

- A vila sofrerá um ataque! Eu vi goblins a caminho daqui. Precisamos nos preparar. - o alerta dado pela patrulheira fez o chefe abrir completamente a porta e colocar as mãos sobre o ombro dela, sacolejando-a.

- Estamos perdidos! Estamos perdidos! - ele repetia enquanto balançava a meio-elfa com força. A jovem tentava acalmá-lo, mas em vão.

- Se me permitem a intromissão, eu posso ajudá-los. - o homem com trajes arcanos falou atraindo a atenção para si. - Não pude deixar de ouvir o relato da jovem. Realmente é preocupante a situação, mas não é caso perdido. Basta nos organizarmos.

- De que maneira? - indagou Arcanya. O chefe da vila olhava ora para a mestiça, ora para o mago, tentando obter algo.

- Precisarei de seu auxílio e dos moradores da vila. Eu, você e os arqueiros ficaremos na muralha atacando-os de longe. - seu olhar fixou-se no rosto do líder local. - Você recrutará, entre os moradores, os mais corajosos para se juntarem a nós nesse combate.

O líder sobressaltou-se com a proposta do arcano.

- Mas meu senhor... - ele falou, tentando buscar na memória o nome do homem a sua frente.

- Azhara. Desculpe meu erro por não ter me apresentado. Ficou alguma dúvida quanto ao que eu disse?

O chefe da vila balançou negativamente a cabeça e entrou na hospedaria pronto a recrutar quem tivesse coragem. Azhara e Arcanya foram para as muralhas e juntamente com os arqueiros, afiavam os olhos a procura de qualquer indício de aproximação dos goblins.

***

Não muito longe dali, Graccus e Arn continuam a procurar quaisquer indícios do paradeiro da 8ª Legião Elorana. Nada haviam encontrado, apenas alguns rebeldes que facilmente foram silenciados. Para eles, esta busca estava sendo frustrante, o que fazia com que Arn pensasse em voltar para Eloria o mais breve que pudesse.

Enquanto Arn estava perdido em seus pensamentos, Graccus estava atento a tudo o que acontecia ao seu redor e foi dele o alarme dado ao seu companheiro quando avistou algo mais a frente.

- O que houve? - perguntou o bárbaro.

- Goblins! Indo naquela direção. - o outro aponta. Ambos avistam um vilarejo não tão longe de onde estavam.

- Devemos deixar isso acontecer? - indagou Arn se referindo ao ataque iminente à pequena vila. Mas a resposta obtida foi um paladino apressado indo em direção aos goblins. Sem ter outra opção, o homem faz a mesma coisa.

Por mais apressados que eles tivessem sido, não conseguiram chegar antes dos goblins. As criaturas atacavam ferozmente os portões da vila, que estavam fechados devido ao alerta anterior recebido. Do alto das muralhas, os arqueiros atiravam flechas e no meio deles Arcanya se destacava devido a maestria que possuía ao atirá-las. Ao lado deles também estava Azhara e este utilizava de suas magias para mantê-las o mais longe possível da entrada.

Embaixo, moradores empunhavam instrumentos simples, como pás e enxadas, e com toda a coragem possível enfrentavam o ataque. Inexperientes, caiam aos primeiros golpes desferidos pelo inimigo. Em meio a essa confusão, Graccus e Arn chegaram e nem tiveram tempo para pensar em algo, sacaram suas armas e entraram no combate, o paladino com sua espada e o bárbaro com seu machado. A chegada dos desconhecidos trouxera aos habitantes locais um pouco de esperança e os que ainda estavam de pé se empenhavam cada vez mais.

Essa união de forças foi vital a principio, pois muitos dos goblins caíram ao serem acertados por flechas, alguns dardos mágicos, golpes de espada e machado. Todos estavam certos que as criaturas iriam se retirar devido as baixas sofridas, mas algo fora do esperado aconteceu.

Em uma carroça mais afastada, uma enorme criatura ergueu-se destruindo o objeto que a trouxera até o local. Alguns goblins que estavam próximos foram acertados, caindo desacordados. A criatura urrou e quem não o viu antes, nesse momento percebeu sua presença horrenda.

***

Os moradores se assustaram e tentavam a todo custo abrir o portão e entrar na cidade. Nas muralhas, alguns arqueiros congelaram diante de tal imagem, outros ainda arriscavam atirar algumas flechas. Arcanya olhou e não quis acreditar, enquanto Azhara analisava a distância a criatura. Embaixo, Graccus tentava organizar os moradores e assim minimizar a confusão. Arn não pensou duas vezes e correu em direção à criatura, girando seu machado.

Antes de alguém encostar no monstro, o mesmo fez um estrago no portão de entrada, afetando assim as muralhas. Arqueiros caíram ao chão, moradores que estavam no portão foram lançados para longe. Arcanya e Azhara conseguiram fugir dos golpes e da queda, saltando antes do trecho em que estavam ruir, e do chão atacavam o inimigo. As flechas da jovem e as magias do mago o atordoaram, deixando-o nervoso. Movimentos bruscos de suas mãos e seus pés destruíam o que estivesse em sua frente. Graccus tentava acertá-lo, porém muitos de seus golpes não conseguiram atingir o alvo. Já Arn teve mais sorte e graças a seus acertos que a criatura foi derrotada.

A população, ainda assustada, comemorava exaltando os estrangeiros. Azhara se aproximara da criatura caída no chão para analisá-la. Arcanya auxiliava os feridos, assim como Graccus. Arn expulsava os últimos goblins que ainda insistiam em fazer algo.

Horas mais tarde, Graccus e Arn já haviam deixado a vila e Arcanya se encontrava nos portões ao lado de Ki-Lin. Alguns moradores tentavam reconstruir a muralha. Azhara, mais afastado, acenou para que a jovem viesse ao seu encontro.

- O que houve? - a mestiça perguntou quando se aproximou do mago.

- Aquela criatura que nos atacou era um golem juggernauta. Mas o que me intriga é que goblins sozinhos não bolariam um ataque desses.

- Seria obra do império para nos conquistar? Aqui na ilha resistimos bravamente a conquista imposta por eles.

- Não creio. - Azhara disse enquanto coçava o queixo. - Vou ficar por aqui e continuar analisando esse golem. E você?

- Moro e cuido da floresta de Illusia, próximo daqui. Qualquer coisa é só chamar. - Arcanya respondeu.

Os dois se despediram e cada um seguiu seu rumo. O mago permaneceu na vila analisando o corpo do golem. A patrulheira retornou aos seus afazeres em Illusia. E a tranquilidade por algum momento estabeleceu-se por ali.

4 comentários:

  1. Ficou bem bacana, e você adaptou muito bem amor

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada amor! Fiz o que tinha condição. Espero ir melhorando aos poucos

      Excluir
  2. peraí, faz tanto tempo q eu não entro aqui q séculos já se passaram?? OMG!!

    ResponderExcluir

Não se acanhem. Deixem um comentário que lerei com carinho =)